31 de março: desencarne do codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec
O professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, de pseudônimo Allan Kardec, desencarnou no dia 31 de março de 1869 em Paris
O professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, de pseudônimo Allan Kardec, desencarnou no dia 31 de março de 1869 em Paris, França. É o codificador da Doutrina Espírita, pois organizou metódica e didaticamente todos os seus postulados. Além de organizá-los, foi responsável por comentá-los e explicá-los, levando a Doutrina ao conhecimento público. Kardec nasceu no dia 3 de outubro de 1805, em Lyon, França. A obra básica da codificação inclui O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese e O Céu e Inferno.
O trecho da imagem é do capítulo 17 de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Segue a passagem completa abaixo:
O HOMEM DE BEM
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de
amor e de caridade, na sua maior pureza. Se interroga a consciência sobre seus
próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal,
se fez todo o bem que
podia, se desprezou
voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa
dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua
sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à
vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais
acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas
as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz
o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a
defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços
que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações
que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros,
antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu
próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas
decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos,
sem distinção de raças,
nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança
anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo
como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere
com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à
ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a
pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do
Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a
exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra,
por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que
também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo:
“Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda,
em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa
atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente
em combatê-las. Todos os esforços emprega para dizer, no dia seguinte, que
alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos,
a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer
ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens
pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que
é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego
que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens,
trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa
da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu
orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna
em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição
que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9.)
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos
seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os
seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem
o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de
mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.